POR QUE TODOS DEVERIAM IR A UM SHOW DE ROCK
Neste dia 27 de julho ocorreu o Derradeiro Matanza Fest aqui em Juiz de Fora-MG, esta que é a turnê de despedida da banda que infelizmente chegará ao seu fim no final deste ano. O local onde foi realizado o show era o Cultural Bar, lugar que nunca tinha ido em minha andanças juizforanas, sempre falaram muito bem dessa casa, e de fato é um lugar bastante bonito e propenso a receber o caos e a euforia que as músicas do Matanza trazem.
Fazia frio neste dia, o lugar era no alto de um morro, onde se conseguia ver boa parte das luzes da cidade ao horizonte, e também a névoa que se formava ali com o adentrar da madrugada.
A banda se fez presente em uma parte considerável da minha conturbada adolescência, letras agressivas e anti sociais eram tudo o que um jovem no início da compreensão da vida precisava naquele momento, fui apresentado às melodias de country-core por um amigo chamado Alan, e também meu outro comparsa Marcelo, que também estavam presentes no show, o que era mais que justo pois era a apresentação derradeira do grupo que tanto marcou nossas vidas em certos momentos.
Como se tratava de um festival, outras bandas tocaram antes da atração principal, a noite começou sendo marcada pelo black metal afiado da banda Justabeli, com uma qualidade técnica impecável, logo após vieram os membros da Carro Bomba, trazendo todos os aspectos do metal, mas com a característica de que é totalmente cantado em português, o que me surpreendeu bastante, e depois subiu ao palco o grupo Olho Seco, uma banda punk que surgiu nos anos 80 com um som extremamente agressivo, e isso deu início aos mosh-pits na apresentação, esses que eram apenas uma demonstração do que estaria por vir com a chegada dos donos da festa ao palco.
Momentos antes da entrada da banda para a sua última apresentação na cidade uma espécie de ansiedade tomou conta do local, pessoas cantarolavam algumas músicas, outras bebiam suas cervejas, e algumas se encontravam no mesmo estado em que eu e meus amigos estávamos, olhando de maneira estática para o palco em silêncio, apenas aguardando o início da apresentação, até que é chegada a hora.
Os integrante da banda entraram ao som de aplausos e gritos ensurdecedores, o último membro a entrar foi o vocalista, Jimmy London que de início ao show disparando quatro músicas sem aviso prévio, a canção que deu começo ao caos foi O Chamado do Bar, com um refrão contagiante, uma guitarra cavalar e um baixo ritmado foram a trilha sonora para um mosh insano que tomou conta da área total mais próxima ao palco, até quem não queria participar da roda entrou nela de algum modo por livre e espontâneo empurra-empurra. A atmosfera no local era contagiante, a cada final e início das músicas as energias se recarregavam para mais alguns minutos de pulos, cotoveladas e socos no ar em sincronia com a bateria.
Mas tudo que é bom chega ao fim, e o que ativou o gatilho deste sentimento na maioria dos que estavam ali presentes foi quando tocaram a música Tempo Ruim, que tem uma pegada mais leve, mas com um pé no country, que é a marca registrada do Matanza, que conta com o seguinte verso:
“ergam seus copos por quem vai partir, longo será o caminho a seguir, nada será como costuma ser, nada vai ser fácil pra você…”
Foi nesse momento em que percebi que o show tinha se tornado uma despedida, e que aquilo seria um adeus.
Após Tempo Ruim, a banda fechou o show com chave de ouro, dando um tom de que a vida tem dessas, vamos aproveitar enquanto há tempo, com a música Bom é Quando Faz Mal, após a euforia do término, do silenciar dos amplificadores, das palmas e dos gritos ecoando por todos os cantos, enaltecendo a apresentação sensacional da banda, os integrantes se despedem do público ensandecido, Jimmy fica no palco por mais tempo, erguendo o punho em direção para os espectadores em forma de agradecimento.
Ao fim de toda animação, eu e meus amigos que já estavam lá, e outros que encontrei tardiamente, nos entreolhamos e não dissemos nada, mas nossos olhares já diziam tudo:
- “É, acabou…”
Foi um misto de sensações dentro daquele local, que me leva a conclusão de que sim, todo show de rock é único, e sim, é uma experiência que todos deveriam presenciar uma vez na vida.